O Sistema de trens da capital paraibana
O Sistema de Trens Urbanos da Capital Paraibana compreende uma extensão de 30km de via férrea singela, que atende aos municípios de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, na Região Metropolitana. Com 12 estações ferroviárias – Cabedelo, Jardim Manguinhos, Poço, Jacaré e Renascer no município de Cabedelo; Mandacaru, João Pessoa (Central), Ilha do Bispo e Alto do Mateus em João Pessoa; Bayeux, no município de Bayeux e Várzea Nova e Santa Rita, no município de Santa Rita, os trens atendem atualmente cerca de 7 mil pessoas/dia (em períodos normais) e cerca de 4 mil (em período de pandemia).
Com a tarifa social, os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) são trens modernos, rápidos, seguros e confortáveis. O modelo utilizado pela CBTU é o Mobile 3, dotado de duas cabines computadorizadas - uma em cada extremidade dos carros motores - e um carro reboque ao meio. Trata-se de um veículo de passageiros para trânsito urbano, com motor a diesel, ar condicionado, acessibilidade para deficientes físicos, passagem entre os carros, sistema de comunicação sonora interna digital e capacidade para transportar até 600 passageiros por viagem.
Mapa do Sistema:
Características operacionais: | |
Extensão da Via (km) | 30 |
. Bitola métrica - 1,00 m | 30 |
. Não eletrificada | 30 |
Nº de Estações | 12 |
Nº de Oficinas | 1 |
VLTs Existentes* | 5 |
Locomotivas Existentes (*) | 4 |
Carros Existentes (*) | 14 |
Intervalo Mínimo Programado (min.) | 62 |
Intervalo Máximo Programado(min.) | 93 |
Tempo de percurso Programado. (min.) | 56 |
Efetivo de Pessoal | 170 |
Posição em 01 Junho 2021.
(*) Os valores apresentados para o material rodante no quadro acima é do total existente nos sistemas, não necessariamente todos em operação devido à necessidade de manutenções periódicas e/ou avarias.
Oficina de Manutenção de João Pessoa
Instalada numa área de dois mil metros quadrados, a Oficina de Manutenção da CBTU João Pessoa está localizada no pátio da estação terminal de Cabedelo, a 18 quilômetros da capital. Com uma equipe de 28 empregados, é nela que os técnicos e engenheiros realizam manutenções preventivas, corretivas e que acompanham o desempenho dos equipamentos, reparos de equipamentos e de peças de cinco Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs), cinco locomotivas e 14 carros de passageiros, além da manutenção das estações. Foi essa equipe que idealizou, projetou e montou o simulador do painel de controle do VLT: uma inovação que já treinou 25 empregados para operacionalizar os novos trens sem a necessidade de utilizar os veículos. A Oficina é dotada de ponte rolante, macacos elétricos e torno horizontal para usinagem de rodeiros, entre outros.
Histórico:
A primeira concessão
A princesa Isabel, em 15 de dezembro de 1871, assinou o Decreto nº 4.838, concedendo aos conselheiros Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, deputado geral Anísio Salatiel Carneiro da Cunha e André Rebouças, o privilégio de construir e explorar a estrada de ferro Conde D’Eu, ligando a sede da Província à vila de Alagoa Grande, com ramais para as de Ingá e Independência (antigo nome da cidade de Guarabira). Essa concessão não vingou. Em 1880, foi iniciada a construção da estrada de ferro. O historiador Horácio Almeida registra que “o progresso entrou na Paraíba pela linha de ferro. Por onde apitava o trem uma emoção nova nascia: a do progresso econômico, mas foi coisa de pouca monta, porque a área beneficiada era demasiado exígua”.Em 1881, foi inaugurado um trecho de 30 km ligando João Pessoa à localidade Entroncamento, em Sapé. Era a Companhia Estrada de Ferro Conde D’Eu, do Brasil Imperial, detentora da concessão.
A república e a Great Western
Onde o trem chegava, a vida mudava. De Entroncamento, a estrada se bifurcava para o norte, chegando até Mulungu, em 1882, e em 1884, à Guarabira, de onde prosseguiu para Nova Cruz, no Rio Grande do Norte e daí, até Natal. Ao sul, parou em Pilar, em 1883. “Houve maior demora em fazer a ligação da capital ao porto do Cabedelo, numa extensão de apenas 18 km, realizada em 1889. Proclamada a República, os trabalhos pararam. O único trecho construído em onze anos do regime republicano foi o de Mulungu a Alagoa Grande, inaugurado em 1901, numa extensão aproximada de 25 km”. Em julho de 1901, o Governo Federal arrendou a ferrovia à empresa inglesa Great Western Railway, que construiu um ramal de Pilar a Timbaúba, em Pernambuco e completou o trecho de Guarabira a Nova Cruz, no Rio Grande do Norte. Em 1907, o trem chegou a Campina Grande. “A estrada de ferro onde fazia ponta dava vida ao lugar. Se passava adiante, levava consigo o progresso. Itabaiana cresceu quando o trem ali chegou. Estacionou, senão decresceu, quando os trilhos se prolongaram até Campina Grande. Os lugares que ficavam marginalizados, ao longo da estrada, sem vias de acesso, como Mamanguape e Areia, caíram estagnados”.
A Rede Ferroviária e a CBTU
A Great Western operou até 1957, quando o Governo Federal criou a Rede Ferroviária Federal S/A- RFFSA. Em 1982, ainda sob o controle da Rede, o sistema de trens urbanos para transporte de passageiros foi reativado na Paraíba. Em 22 de fevereiro de 1984, surgiu à Companhia Brasileira de Trens Urbana-CBTU (Decreto-lei nº 89.396), vinculada à Secretaria Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes. A CBTU mantém o transporte de passageiros em seis capitais brasileiras :Belo Horizonte, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa e Natal. Em 1º de julho de 1995, foi instalada a Gerência de Trens Urbanos de João Pessoa, desmembrada da Superintendência de Trens Urbanos de Recife. Também neste ano, governo federal privatizou o transporte de carga, que agora é uma concessão da Companhia Ferroviária do Nordeste, compartilhando a via férrea da empresa estatal. Já a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) foi extinta.
Estações históricas
A Estação João Pessoa chamava-se Estação Ferroviária Conde D’Eu, situada no Varadouro. Foi construída em 1889. Tinha um estilo eclético, com muitos janelões e entrada principal. Na década de 1940, o prédio foi derrubado e substituído pela atual construção inaugurada em 10 de novembro de 1942, com características do estilo modernista – linhas retas, marquise, mezanino, fachadas sem adornos, esquadrias de ferro e vidro. Também é histórica a Estação de Cabedelo, com arcos e portas de madeira. As demais seguem um padrão moderno, com cores diferentes, mas em todas, o passageiro está ao abrigo das chuvas, encontra acesso para deficientes e bancos para sentar. O sistema atual tem o traçado original e com 30 quilômetros de extensão, nove estações e atende aos municípios de Santa Rita, Bayeux, João Pessoa e Cabedelo.
O trem de João Pessoa
O sistema de trens urbanos da Capital paraibana é composto por três locomotivas e 17 carros de passageiros, formando duas composições que realizam 28 viagens diárias, interligando os municípios de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, na Grande João Pessoa. Com nove estações modernas e recuperadas, os trens da CBTU de João Pessoa transportam, em média, sete mil passageiros/dia com uma tarifa subsidiada pelo Governo Federal. Nos 30 km de extensão, os passageiros podem desfrutar de uma viagem agradável, segura, econômica e rápida, além de contemplar belas paisagens rurais em plena área urbana. Preocupada com o espaço onde está inserida, a CBTU de João Pessoa, ao oferecer um transporte de passageiros com qualidade, se integra à comunidade lindeira realizando projetos sociais e culturais que visam manter uma sinergia com a população, resgatando os valores do povo paraibano.